quarta-feira, agosto 23, 2006

Marketing Social - O Que o Mercado Pensa Sobre Responsabilidade Social


Afonso Farias
Analista no Banco do Brasil, coordenador do Programa de Alfabetização BBeducar no Espírito Santo, professor de Marketing e Gestão do Conhecimento, Pós-Graduado em Marketing Empresarial e Mestrando em Engenharia de Produção.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social em 2002, “os consumidores brasileiros esperam um comportamento ético das empresas, querem conhecer suas práticas em responsabilidade social, rejeitam a propaganda enganosa e estão atentos à saúde dos funcionários e à poluição que eventualmente elas provocam no meio ambiente”.

A questão ambiental não se resume a regionalismos ou áreas específicas, os debates são travados de forma multidisciplinar e globalizada. O que se busca são opções para se desviar do choque entre desenvolvimento e meio ambiente. Grayson (2002) descreve a probabilidade de que o aquecimento global gere custos substanciais para o setor financeiro. O aumento previsto no número e no impacto de desastres naturais terá conseqüências relevantes no mercado mundial de resseguros.

•há instituições que oferecem condições de empréstimos melhores a empresas que adotam sistemas de proteção ambiental; o grupo financeiro internacional ING, por exemplo, elaborou a Lista de Riscos Ambientais para Gerentes de Crédito;
•os fundos ambientais e éticos têm crescido e atraído interesse: o Co-operative Bank, do Reino-Unido, transformou os empréstimos com ética em pedra fundamental de marketing e de princípios internos; instituições como Morgan Stanley, Merril Lynch e Citigroup, implicadas no financiamento de projetos polêmicos, como a represa das Três Gargantas, na China, enfrentam a pressão e o boicote de ONGs;
•a companhia de seguros britânica CGNU tenta medir o impacto ambiental tanto diretamente – por meio da administração do imóvel, do gasto de energia e água, do tratamento de lixo, do uso de papel, de compras, transporte e viagem – como pelo modo como concebe, planeja e oferece produtos e serviços para seus clientes.

Muitas empresas privadas implementam, rotineiramente, como parte de suas atividades, programas e componentes ambientais e sociais específicos, de modo a promover benefícios ou melhorias nas áreas ou comunidades afetadas por suas operações.Diversos instrumentos de avaliação estão sendo criados, como por exemplo, o Dow Jones Sustainbility Indexes (DJSI), que tem o objetivo de responder à demanda do mercado financeiro por índices que façam um benchmark nacional consistente e flexível da performance de investimentos em empresas e fundos sustentáveis.

Esses índices combinam a “expertise” e os recursos dos experientes líderes em fornecimento de índices, a Dow Jones Indexes e STOXX Limited, com a pioneira em investimentos em sustentabilidade, SAM (Sustainability Asset Management). Informações adicionais podem ser conferidas no site http://www.sustainability-indexes.com/. Segundo ARNT (2003) apenas quatro empresas brasileiras possuem ações que figuram no Dow Jones Sustainability Index: Itaú, Embraer, Cemig e Unibanco.

Neste ano, o índice americano analisou 2500 corporações de 33 países e selecionou para recomendação as ações de 310 empresas, uma elite de reconhecida sustentabilidade com valor de mercado superior a U$ 4,6 trilhões. O índice certifica a capacidade das empresas de gerar valor no longo prazo, gerenciando riscos de maneira integrada, tanto para acionistas como para a sociedade.A responsabilidade social empresarial vem ganhando adeptos pelo mundo, obrigando a adequação das grandes corporações às novas exigências dos consumidores.

Grandes empreendimentos sempre foram atraídos por vantagens fiscais e econômicas concedidas por agentes governamentais, às vezes desprezando pré-requisitos existentes em normativos que o próprio legislador criou para proteção ambiental.A formação da consciência de responsabilidade social da sociedade será capaz de gerar ações efetivas no sentido da busca de um crescimento que minimize os problemas de degradação ambiental.

Várias ações estão sendo desenvolvidas simultaneamente, a partir da necessidade de identificação e envolvimento dos “stakeholders” (partes interessadas) que influenciam nas operações ou são atingidos por elas.

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