quinta-feira, agosto 10, 2006

Discutindo a relação entre mulheres e marcas







Por Patrícia Marinho*

De todas as mudanças em termos de comportamento que vêm ocorrendo com o consumidor, nenhuma se compara com a verdadeira revolução que aconteceu com as mulheres nas últimas décadas. Da mulher dona de casa, que começava a brigar por espaço na década de 60, passando pela mulher de negócios que teve que usar terninho e cabelo curto na década de 80 para mostrar que poderia competir com os homens por um lugar ao sol, chegamos ao século XXI com uma nova mulher: a dona de si, que exerce plenamente seu direito de escolha sobre a sua vida pública e privada.

O espaço ocupado por essa nova mulher cresce a cada dia. Nos EUA, em 1983, elas ocupavam somente 34% dos cargos mais altos e bem pagos nas empresas. Em 2001, esse percentual chegou a 50%. No Brasil, estudos da Fundação Dom Cabral apontam uma tendência semelhante. Além disso, as mulheres são responsáveis pela maior parte das compras: de itens para casa à escolha do destino para as férias.

Essa realidade coloca os profissionais de marketing diante de uma questão: como atingir essa mulher e captar sua atenção? O que fazer para se tornar a opção número 1 de alguém que exerce tanta influência nas famílias e nas empresas?

O primeiro passo é entender de que forma pensam essas consumidoras. Em seu livro Como as Mulheres Compram, Martha Barletta resume as diferenças principais entre o modo de pensar de homens e mulheres em quatro pontos:

1. Mulheres valorizam mais as pessoas e a equipe, enquanto os homens procuram destacar-se individualmente.

2. Mulheres conseguem pensar em várias coisas ao mesmo tempo e são integradoras, enquanto os homens são mais focados e pensam em uma coisa de cada vez.

3. Mulheres sintetizam melhor, juntando as diferentes partes do quebra-cabeça, enquanto os homens analisam as partes separadamente.

4. Mulheres querem conhecer a história toda, enquanto os homens preferem ficar com as manchetes e depois pedir mais detalhes do que for necessário.

O passo seguinte é usar esse conhecimento para criar campanhas que demonstrem à consumidora que a marca reconhece suas peculiaridades e se preocupa em atender aos seus anseios, sem truques. Certamente não existe receita de bolo, mas para quem quer ajuda, aí vão cinco palavras-chave no processo de conquista da mulher de hoje:

1. Respeito. A mulher é bem informada. Ela pesquisa antes de comprar, lê bulas, rótulos... Por isso, abandone o tom paternalista; nunca compare o universo dela com o universo masculino; respeite (e reconheça) sua inteligência, se quiser que ela estabeleça uma boa relação com sua marca.

2. Individualidade. As mulheres exercem diversos papéis: empresária, mãe, sedutora, ativista... Saiba com quem está falando e reconheça sua multiplicidade, ela se vê assim; não tente estereotipá-la. Não a coloque como a dona de casa perfeita ou a mulher masculinizada pelo trabalho. Mostre como ela pode ganhar tempo e prazer ao se relacionar com sua marca.

3. Alívio (de estresse). A mulher é ainda a principal responsável pelo lar e já marca presença significativa nos postos de trabalho. Aqui, a dica é abandonar o conceito de culpa: a mulher, como o homem, se sente frustrada. Use sua marca para ajudar a mulher a equilibrar sua vida.

4. Conexão. As mulheres estabelecem, com mais rapidez, relações emocionais com as marcas. Por isso, ofereça um sentimento. Ligue sua marca com o coração da mulher. Diga o que sua marca fará pela vida dela, pela sua família, pelo meio ambiente e pela comunidade.

5. Relacionamento. Mulheres gostam de discutir a relação. Lembre-se que relacionamento é uma via de mão dupla. Demonstre que sua marca é confiável. Ninguém gosta de construir relações com base em desconfianças. Seja relevante. A mulher não tem tempo a perder.


*Vice-Presidente de Planejamento da Datamidia,FCBi. Formada em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), trabalhou no Plaza Shopping, onde lançou, em 1991, o primeiro Programa de Relacionamento em Shopping Centers do Brasil, baseado em reconhecimento e recompensa. Trabalhou também na DraftWorldwide por quatro anos, onde atendeu a diversos clientes, entre eles: Shoptime, Lojas Americanas, Fininvest, Banco Nacional, Unisys, Sul América Capitalização.

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