segunda-feira, maio 29, 2006

As mudanças estão “mudando”


Claudinei P. Santos
Diretor acadêmico – área de projetos da ESPM e sócio-diretor da Delft Consultores

Mudanças sempre ocorreram. O processo de mudança está inexoravelmente ligado à dinâmica das organizações, em qualquer época e em qualquer circunstância.
No início dos estudos sobre a prática da administração, as organizações eram vistas como organismos relativamente fechados e autônomos e essa visão era corroborada pelo ambiente pouco dinâmico em que se inseriam. Dessa forma, a mudança existia como fenômeno resultante da evolução natural que qualquer organismo experimenta ao longo de sua existência e era, algumas vezes, considerada indesejável. Da mesma maneira que a turbulência e a incerteza eram consideradas aspectos indesejáveis e não característicos do ambiente dos negócios.
Como entender, então, o fracasso de grandes empresas, especialmente daquelas que nos chamaram a atenção por seu sucesso e longevidade? O que aconteceu, se as coisas continuaram a ser feitas do mesmo modo? O que ocorre é que as verdades sobre as quais essas organizações construíram suas identidades não existem mais, ou pelo menos, não são mais as mesmas.
Durante muito tempo, a chave para o sucesso das organizações era promover o controle e a reprodução normatizada das suas atividades. No entanto, as profundas transformações no ambiente de negócios, ocorridas nas últimas décadas, pressionaram-nas na direção da revisão de seus processos de gestão e forçaram-nas a encarar a mudança como um aspecto permanente em seus planos de negócios.
A moderna visão de mudança organizacional surge a partir do reconhecimento da importância de condicionantes externos, como inovações tecnológicas, postura do consumidor, entrada de novos concorrentes ou uma turbulência de impacto global sobre a vida da organização. O ambiente de negócios mudou, as organizações mudaram e, de fato, a própria mudança “mudou”. Por isso, as organizações viram-se obrigadas a responder, de maneira eficaz, ao rearranjo das variáveis do ambiente externo, muito mais volátil hoje do que no passado.
Nesse sentido, conforme se lê em texto inédito da Profª Eliane P. Rosim “o que o efeito globalização criou foi, por um lado, um elevado grau de integração econômica, mas por outro, a convivência compulsória com a instabilidade”.
Por outro lado, o acirramento da competição trouxe grandes transformações e, de um modo geral, o que se tem observado é que fusões e incorporações fazem parte de uma decisão estratégica, como forma de crescer com sustentabilidade. No entanto, o desafio da mudança sem o concomitante gerenciamento desse processo cobra um preço elevado das organizações que pode ser, inclusive, o da perda de identidade. Mudanças, quase sempre, exigem um redesenho organizacional que deve, necessariamente, contemplar a conexão otimizada entre estratégias, estrutura, tecnologia, processos e pessoas.
Além disso, sabemos que existem forças que “prendem” a organização ao seu estado atual, o que leva à necessidade de criar um novo contexto que possibilite a condução da empresa para um novo padrão de comportamento. Desse modo, gerenciar um processo de fusão implica conhecer as diferenças de estágio das organizações envolvidas e implementar ações que preservem as competências e, por vezes, a cultura de cada uma delas.
Seja qual for a amplitude –da implementação de uma nova tecnologia ao redesenho do modelo de gestão ou à preparação para uma fusão– as ações de gerenciamento da mudança visam a conduzir a organização ao longo de um processo, por meio de metodologia específica. Obrigam, também, a identificar e mapear o impacto que a mudança traz e a adotar ações que criem um contexto adequado, objetivando minimizar os riscos de insucesso desse processo.
Um aspecto de vital importância é a capacidade e a qualidade das lideranças, como catalisadores do processo de mudança. O que se nota nesse sentido é que, nem sempre, os líderes estão preparados para aceitar e, menos ainda, para gerenciar esse processo. É mandatório treiná-los e “retreiná-los”, continuamente, para essa tarefa.
Vale também ressaltar que, cada vez mais, estão sendo cobradas das organizações, por todos os seus stakeholders, mudanças rápidas e intensas. De certa forma, parece que elas entenderam essa necessidade e estão mudando sua forma de operar (processos), sua distribuição de atividades e linhas de comando (estrutura), bem como sua forma de decidir e agir (comportamento), para garantir uma rápida e proativa adaptação às mudanças ambientais. Algumas questões tornam-se, agora importantes, para quem trabalha em uma organização, qualquer que ela seja. Como e em que velocidade está mudando minha organização? Se ela não mudar poderá sobreviver? Vale a pena continuar nela, se ela não se adaptar eficazmente aos novos tempos?

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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