segunda-feira, junho 26, 2006

Marketing e o empresário marketeer

Rogério Tobias
Administrador e mestrando em Marketing, professor dos cursos MBA do Ibmec e pós-graduação e graduação em Marketing e palestrante.


Montar a sua empresa já era um sonho realizado. A sede própria já estava garantida. Aquele segmento de mercadoera realmente promissor tinha efetuado um competente admissão de seu pessoal e conhecia profundamente do negócio no qual havia investido. Os primeiros resultados foram animadores e ele até já pensava em fazer novos investimentos. Mas aquela entrevista assistida na televisão na noite anterior lhe deixara intrigado. Aquele profissional insistira demais na necessidade do empresário ter maior preocupação com o marketing e dedicar a maior parte do seu tempo nesta atividade, de olhar para a sua empresa através dos olhos dos clientes e de se comportar não como um empresário comum, mas como um marketeer. Marketeer? Pensou ele.
Dirigia seu carro com destino a empresa, o trânsito congestionado, então ele aproveitou para ir relembrando o conteúdo da entrevista e associar tudo o que foi dito à realidade da sua empresa.

O entrevistado afirmara que existe uma tendência de nivelamento de produtos e serviços oferecidos pelas empresas aos seus clientes e que qualidade, formas e pagamento e até atendimento já são questões "sine qua nom" na mente dos clientes. Que estes já partem do pressuposto que vão encontrar tudo isso na hora de ir às compras. Esses aspectos não são mais diferencial. Olhou para fora do carro e balançou a cabeça em sinal positivo, pois, acabara de passar por três lojas concorrentes que têm excelentes produtos, ótimos serviços, tudo muito parecido um com o outro. O cliente não faz mais distinção! O que fazer para criar a diferenciação? Perguntou a si mesmo.

Quando o sinal abriu, ele lembrou que o entrevistado dissera também que a antiga figura do vendedor precisa mudar rapidamente em muitas empresas pois não há mais espaço para o tradicional tirador de pedidos, aquele profissional que após fechada a venda vira as costas para o cliente e já parte para a captura de um novo, sem a percepção final da satisfação do mesmo. Refletiu que o profissional de vendas atual precisa ser um solucionador de problemas dos clientes, um apoio confiável na hora de sanar as suas dúvidas e um facilitador da realização dos seus desejos e anseios. Na verdade todos da empresa precisam estar voltados para a melhoria desse relacionamento. Muita gente costuma funcionar nas empresas com " espantalhos de clientes", dificultando ou não dando importância para coisas que para os clientes são fundamentais.

Entrou em sua sala no mesmo momento em que compreendeu melhor o que o entrevistado falava sobre a necessidade constante de inovação. Sua empresa, naquele momento, não tinha nada de diferente da concorrência para oferecer aos seus clientes. Nem mesmo um atendimento excepcional, algo acima do tradicional, do já esperado pelos clientes? Esses pensamentos foram interrompidos pelo telefone. Estava sendo chamado na contabilidade. Lembrou que depois teria que passar lá no pessoal de informática e ver aquele software. Passou pela área de compras e alguém lhe prendeu ali por 15 minutos.
Eram muitos assuntos! Percebeu que muitos deles não tinham ligação nenhuma com a melhoria do relacionamento e oferecimento de serviços ao cliente. Sentiu um mal estar, uma espécie de dissonânica cognitiva, uma necessidade de mudar.

Naquele instante decidiu rever os rumos da empresa. Se ela já tinha tendências em utilizar as ferramentas do marketing, agora o marketing iria ser a sua referência principal, o seu maior investimento de tempo e esforço. Resolvera colocar o cliente no ponto mais alto do organograma. Pensando assim, delegou a solução de alguns problemas internos, dirigiu-se para o ponto de venda e foi verificar pessoalmente que tipo de tratamento os seus clientes estão recebendo. Logo viu que muito precisa ser feito para manter o padrão atual e principalmente para criar estratégias diferenciais da concorrência. Foi nesse momento que se percebeu o que aquele entrevistado quis dizer com o termo Empresário Marketeer.

A partir daquele dia seria um deles. Seria um profissional que dirige uma empresa que deve estar totalmente voltada para o cliente, e cuja filosofia e ações são embasadas numa visão clara de marketing. Resolveu agir rápido, ligou para a emissora, pediu cópia da fita e no dia seguinte exibiu-a para todos da sua equipe, buscando o envolvimento de todos.

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