quarta-feira, junho 28, 2006

Em busca do tempo perdido com inteligência competitiva

Alfredo Passos
Professor-Mestre dos cursos de Graduação, Férias e Pós-Graduação da ESPM. Sócio-Diretor da Knowledge Management Company e Coordenador do Capítulo Brasileiro da Society of Competitive Intelligence Professionals - SCIP, USA.

A abertura econômica e o fim da proteção às empresas brasileiras, a redução gradual dos impostos de importação, o aumento da concorrência das empresas estrangeiras e a privatização são fatos que modificaram a economia brasileira.Mas ainda há muito por fazer. Segundo síntese preparada por Carlos Arruda, Rafael Tello, Diogo Lara e Ana Luiza Lara (Equipe de Competitividade da Fundação Dom Cabral), baseada nos resultados do relatório de 2004/2005 e no sumário executivo elaborado por Augusto Lopez-Claros, economista do World Economic Forum , a trajetória do Brasil tem sido decadente nos últimos anos, passando da 45ª posição em 2002, para a 54 ª em 2003 e 57ª em 2004.
Os destaques gerais são o avanço da Noruega, que subiu 3 posições, e a volta do Japão ao topo da lista. Na Am érica Latina o destaque é o Chile: 22ª posição.

Os dez primeiros colocados no ranking do Índice de Crescimento Competitivo

País
2004
2003

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Finlândia



EUA



Suécia



Taiwan



Dinamarca



Noruega



Cingapura



Suíça



Japão

11º

Islândia
10º


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O pior resultado do Brasil com relação ao ano de 2003 é observado no índice “Tecnologia”. A perda de sete posições mostra a incapacidade do país em gerar, absorver e difundir novas tecnologias. O fator “Transferência de Tecnologia”, que mede a capacidade dos países abaixo da fronteira do conhecimento, apresentou a maior queda, quinze posições (2ª posição em 2003 e 17 a este ano), demonstrando como estamos inclusive perdendo capacidade de introduzir novas tecnologias no país.

Alguns analistas atribuem este fato à combinação câmbio desfavorável com altas taxas de juros, que está forçando as empresas a substituírem importações. As perdas em “Tecnologia” são preocupantes, especialmente porque é reconhecida sua capacidade como promotora de crescimento sustentado de longo prazo. Traduzindo em números, na década de 70, a Coréia do Sul e o Brasil depositavam o mesmo número de patentes nos EUA; hoje, a Coréia tem 40 vezes mais patentes que Brasil.

Outro exemplo é a IBM. A empresa gerou a maioria das patentes nos EUA em 2002, o décimo ano consecutivo na liderança mundial. A IBM deteve 3.288 patentes, quase o dobro do número alcançado pela segunda empresa mais produtiva. A IBM é a única empresa que deteve 3.000 patentes nos EUA em um só ano, ultrapassando o marco dos dois anos anteriores. Na década passada, os inventores da IBM receberam um recorde de 2.357 patentes.
Inteligência competitiva aplicada ao Brasil – Para que esta situação possa se modificar e termos um Brasil mais competitivo, é hora de utilizarmos um programa muito utilizado pelos países campeões: inteligência competitiva. Em resumo, inteligência competitiva é um programa sistemático e ético de coletar e analisar informações sobre as atividades dos concorrentes e as tendências gerais de negócios para atingir os objetivos corporativos de uma empresa. Mas, perfeitamente aplicável aos objetivos de um país.

Se alguém tiver dúvida sobre os resultados ou que país faz inteligência competitiva na prática, apenas um exemplo: China. Há cerca de dez anos assisti a uma apresentação de colegas chineses que diariamente fazem o trabalho de acompanhar produtos e serviços pelo mundo afora e ver onde seu país pode ser mais competitivo. Se ainda tiver dúvida, acredite na recomendação de Tom Peters: “não tente competir em preço com a Wal-Mart nem em custo com a China”.

Por isso, vamos inovar Brasil.

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