segunda-feira, abril 17, 2006

“Ficar não, eu quero é namorar sério”, diz o consumidor



Namoro sério? Parece coisa do século passado, mas não é não. Aquele namoro com respeito mútuo, sinceridade total, certezas morais, valores compartilhados, confiança despreocupada é algo que realmente nos dá ganhos reais. Este negócio de só ficar não está com nada. Começar pelo fim é desperdício de recurso e o resultado é de curtíssimo prazo. Um tapa-buracos sem sentido.
Acalmem-se!
Convicções pessoais à parte, estou falando do namoro sério entre uma empresa e seus consumidores. O consumidor quer namorar para casar, não quer mais só ficar sem compromisso “afetivo” nenhum. Mas como é mesmo o processo deste namoro para casar?
Primeiro é preciso existir um interesse mútuo entre as duas partes. Isto se percebe através de uma troca de olhares ou de alguma outra forma de comunicação menos óbvia, mas que transmita um interesse entre os lados. Este processo é “tecnicamente” chamado de paquera. Certo?
Caso o interesse seja apenas de um lado, faz-se necessário um esforço maior deste lado, o que chamamos de conquista. O lado mais interessado planeja quais ações podem colocá-lo em contato com o lado paquerado. Joga olhares, manda recados através de pessoas conhecidas. Faz de tudo para que a conquista tenha êxito.
Após o sucesso da conquista, inicia-se uma outra fase. A fase da conversão da paquera em namoro. Isto acontece através da demonstração de interesse de ambas as partes e da principal razão de estarem ali, vontade de experimentar um relacionamento duradouro e mais intenso. É preciso ter e desenvolver afinidades comuns. Caso contrário, os caminhos se tornam diferentes demais e o relacionamento se esvazia.
Após o começo do que chamamos de namoro, vem a fase mais desafiadora de todas: a conquista constante da fidelidade ao relacionamento. Ambos devem se esforçar ao máximo para o crescimento da relação. Agradar o outro diariamente a ponto de conquistar sua fidelidade total é uma tarefa difícil, mas pode ser muito prazerosa e rentável para ambos.
E uma relação para realmente amadurecer, evoluir e, para chegar à decisão de um eventual casamento, é preciso muito diálogo, muita interação entre as partes. Muito aprendizado contínuo. E as discussões e eventuais brigas?
Acontecem sempre, isto é algo que faz realmente parte de qualquer relacão em construção. Desde que se tenha sempre respeito, muitas são as formas de se crescer mais ainda a partir dos problemas.
Mas eu não disse que iria falar do relacionamento entre uma empresa e seu consumidor? E foi isto que eu fiz.
Para a conquista da fidelidade do consumidor uma empresa tem que saber paquerar, ter paciência para saber a hora de pedir em namoro e se dedicar muito, escutar muito, ceder muito para conquistar a fidelidade de um consumidor pela vida toda.
O consumidor realmente está cansado de namoros sem compromisso. Este negócio de ficar já era. Ele quer é casamento.

João Matta Engenheiro Eletrônico formado pela USP, pós-graduado em Comunicação pela ESPM e MBA em Gestão de Negócios pelo ITA/ESPM, professor da ESPM, consultor de Marketing.

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