sexta-feira, setembro 01, 2006

MARKETING INVISÍVEL - "Eles" estão entre nós


Timóteo Pinto

Ainda sentiremos saudade da publicidade como ela é hoje. Outdoors, banners, mala-direta, telemarketing. Tudo isso será uma doce nostalgia. A publicidade quer desaparecer. O que não significa deixar de existir. Trata-se do Marketing Invisível


Ainda sentiremos saudade da publicidade como ela é hoje. Outdoors, banners, mala-direta, telemarketing. Tudo isso será uma doce nostalgia. A publicidade quer desaparecer. O que não significa deixar de existir. Trata-se do Marketing Invisível. As ações desse tipo de marketing consistem em colocar pessoas (geralmente atores) para usarem alguns produtos ainda em fase de pré-lançamento ou em campanha de lançamento, em locais públicos e aparentarem serem meros consumidores.

A técnica é muito semelhante aos métodos usados por ativistas sociais, como a Panfletagem Subliminar e o Teatro Secreto. Para ilustrar essa nova técnica de propaganda podemos citar alguns exemplos ocorridos nos Estados Unidos. Num caso uma mulher bonita entra num bar noturno, deixa um maço de cigarros sobre o balcão e pede fogo para outras pessoas. Geralmente ela comentava algo como "nós estamos sendo perseguidos, é dificil achar alguém que fume hoje em dia".

Nessa hora começa uma conversa e ela "casualmente" fala da marca nova do cigarro e oferecia para a pessoa que estava conversando com ela. Noutro exemplo um homem vai a um café (tipo Starbucks), liga o seu laptop e começa a usar uma luva (esse é o produto) que faz o papel de mouse, joystick e sei lá mais o que no computador. Algumas pessoas passam e dão uma olhada. Entre essas pessoas, algumas ficam curiosas e chegam e perguntam o que é aquela luva. O ator fala o script de uma forma casual, de modo que a pessoa nem desconfie que aquilo é uma propaganda e ainda pergunta se o cara quer dar um e-mail para que possa mandar as informações do produto para uma melhor avaliação.

Outra vez um curso de inglês colocou uma atriz gringa num aeroporto abordando os executivos que viajavam na ponte aérea e pedindo informações pra eles em inglês. Ela perguntava se o cara sabia falar inglês, praticamente todos diziam que sim e então ela começava a falar desenfreada. Só que como ela era gringa, o seu inglês era cheio de giras e como falava muito rápido, a maior parte das pessoas não conseguia entender nada e ficava naquela situação embaraçosa. No fim depois que a pessoa já estava desesperada achando que não sabia mais falar inglês, a mulher começava a falar com ele em português explicando a brincadeira e oferecendo os serviços do tal curso para um curso de atualização.

No caso o marketing não foi tão invisível, pois ela explicou a tática, mas é algo bem ilustrativo sobre as táticas utilizadas. O Marketig Invisível surgiu em resposta a um dos maiores problemas enfrentados pelos profissionais da propaganda na atualidade: como ganhar a atenção de um consumidor saturado pelos apelos publicitários. Pesquisas revelam que um americano médio entra em contato com cerca de 2000 apelos publicitários por dia. Em uma sociedade saturada de informação, o maior risco para as corporações é serem ignoradas.

As empresas precisam fugir do lugar comum e buscar vantagens competitivas em soluções novas e não-convencionais para divulgar seus produtos. Nessa ânsia desenfreada por ganhar a atenção do consumidor chegaram no Marketig Invisível. Essa não é a única tática desenvolvida pelas corporações para conquistar novos clientes, a tempos elas vem diversificando suas formas de abordagens naquilo que vem sendo chamado de Marketing de Guerrilha. Entre essas técnicas podemos citar o Viral Marketing e o Ambush Marketing.

O Viral Marketig ou Marketing Virótico utiliza-se da memética pra conseguir resultados. É como uma propaganda boca-a-boca, mas utilizada via Internet. É chamado de viral, porque utiliza o princípio de “contaminação” utilizado pelos vírus, em regime de progressão aritmética ou geométrica (dependendo do caso). Já o Ambush Marketing ou Marketing de Emboscada trata-se de aproveitar um evento pra inserir sua publicidade.

A Espalhe (uma das primeiras agências publicitárias desta área no Brasil) , por exemplo, planejou uma ação para um cliente que queria participar do Congresso da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), realizado esta semana em São Paulo, mas fugir dos custos e da "mesmice" de montar um estande na feira. Além de patrocinar o ponto de táxi em frente ao evento (todos os táxis ganharam capas nos bancos com a marca da produtora Gemini Video), a agência destacou duas modelos de um metro e oitenta de altura para acompanhar o principal executivo da empresa na feira.

O problema é que o Marketing Invisível é tão sutil que ninguém percebe que se trata de comunicação corporativa, o que acaba levantando sérias dúvidas quanto aos aspectos éticos. Algumas pessoas não se importam com isso, pois são atingidas diariamente por milhares de ações de marketing e que, se pelo menos o produto for bom, vale a pena. Esses consumidores alegam que a maioria das ações de marketing já são anti-eticas, como a funcionária de tele-marketing que telefona as 08:00 da manhã de um sábado para oferecer serviços ou o out-door que se atravessa na visão do pô do sol.

Outras pessoas no entanto, se escandalizam com a idéia e acham um absurdo por ser completamente invasiva. O principal argumento contra o Marketig Invisível seria a questão da credibilidade. Uma grande parte do público consumidor não acredita mais em propaganda, isso é fato. As pessoas não confiam mais na publicidade tradicional. Mas as pessoas ainda acreditam em outras pessoas, justamente por achar que estão do mesmo lado, o lado dos consumidores. É muito diferente a indicação de um produto feito por outro consumidor, da indicação feita por uma modelo na TV ou no outdoor.

No entanto isso iria acabar no momento em que não soubermos se a outra pessoa está conversando comigo sobre um produto que adquiriu espontaneamente ou se está sendo paga pra fazer aquilo. Seria algo como privatizar as relações sociais. A atenção do consumidor passaria a ser mais um bem intangível passível de troca. É o capital entrando nas entranhas de nossas vidas. É como se os profissionais de marketing quisessem aproveitar-se daquilo que as pessoas ainda confiam: outras pessoas!!

Um comentário:

Daniel Barreto disse...

Gostei muito do blog, vou estar sempre dando uma "espiadinha"... tá?
Sobre o Marketing sou assim como vc, apaixonado principalmente na parte estratégica, é como uma "droga", que nos vicia. Gosto muito do Marketing Político, esportivo, talvez esse poder de mecher com a paixão e emoção das pessoas é o que mais me fascina. Pois bem vou parar de escrever se não...
Vc deve estar pensando "quem é esse maluco que entra no meu blog e vai escrevendo sem parar"? não me pergunte nem eu sei!
Pois bem, sou assim mesmo, ás vezes meio louco, mas um apaixonado pelo Marketing!
Abraços...

danielbbarreto@yahoo.com.br

Daniel Barreto