sexta-feira, setembro 22, 2006

Mudanças, Mudanças...


Rico de Moraes
Consultor em Marketing e Gestão
CEO MGroup Consultores

Bem antes da época em que o Lulu cantava “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”, a humanidade já desconfiava de que nada, nem ninguém, poderia ser mesmo eterno.
Nos últimos tempos, as empresas e os consultores finalmente descobriram que o mundo gira todos os dias, e ficaram extasiados com esta nova e emocionante descoberta.

O tema mudanças já rendeu tantos contratos de consultoria, que já tem consultor ganhando milhões para implantar pequenas mudanças nas mudanças das mudanças que serão implantadas na mudança do mês seguinte.
Mas como, em excesso, até canja de galinha pode matar um sujeito engasgado com um osso atravessado na garganta, as mudanças mal planejadas e forçadas também entram na categoria dos modismos prejudiciais à saúde empresarial.

É preciso lembrar que administração e marketing não fazem parte de nenhum New York Fashion Week , e neste caso as tendências nunca são obrigatórias.
Empresas com personalidade própria aliada à ousadia de movimentos que favoreçam suas próprias características já tiveram bem mais lucros do que aquelas que compram novas idéias como quem entra na boutique Daslú.

Toda e qualquer ação implantada em uma empresa, seja ela no marketing, na administração, ou onde quer que seja, precisa de tempo para trazer resultados consistentes. E da forma como alguns administradores andam fazendo, muitas árvores estão sendo cortadas antes que se possam ver seus doces frutos pipocarem.
O pessoal do “máirquetin”, então, anda sofrendo pressões desproporcionais para que se mudem estratégias em tempo recorde, ao menor sinal de que algo possa demorar um pouco mais que o esperado para trazer resultados.

De tanta mudança que se vem fazendo, as únicas ações que permitem aos gênios do marketing manterem suas cabeças grudadas em seu pescoço empresarial, são aquelas de retorno rápido, que não enraízam, e não trazem benefícios duradouros à empresa. Como se diz em um daqueles sábios e práticos ditados americanos, “easy come, easy go” (o que vem fácil, vai fácil).

Mudança constante pode ser muito bom para se escreverem livros, fazerem palestras, e para conversa de botequim de CEO. Mas, na prática, é preciso enxergar muito mais do que alguns palmos à frente do nariz da empresa, no momento de se planejarem estratégias.
Mesmo em empresas, há tempo pra tudo. O sucesso geralmente vem da paciência para esperar que as sementes certas germinem.

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